Correr é mau para os joelhos?

Surge frequentemente a dúvida se a corrida causa artrose. A artrose corresponde ao desgaste global da cartilagem da articulação, podemos fazer a analogia com um pneu de carro que está gasto ("careca"). O que é diferente de uma lesão localizada na cartilagem (chamada de lesão osteocondral), sendo que esta corresponde a um furo/buraco num pneu que não está gasto.

Como regra geral, nenhum exercício é mau para a cartilagem, nem pior do que a imobilização prolongada. A cartilagem contém um pequeno número de células (os condrócitos) que respondem à carga (neste caso à pressão) produzindo mais cartilagem. Um condrócito que não recebe pressão não produz nada, aumentando o risco de artrose. Se imobilizarmos o joelho (por exemplo com gesso) durante algumas semanas, a cartilagem vai estar significativamente diminuída e fragilizada.  Portanto, a inatividade é má para a cartilagem. E aqui é o oposto do pneu, que quanto mais se usa maior o desgaste do mesmo.

A carga excessiva também pode ser má para a cartilagem, sendo que o limite para carga excessiva vai ser diferente entre cada pessoa e depende de vários fatores. O mau alinhamento do joelho aumenta o risco de artrose, particularmente nos joelhos valgos (“joelhos para dentro”), pois coloca mais carga numa das regiões do joelho. Podemos comparar novamente com um pneu, que se estiver desalinhado há maior desgaste num dos lados e tem de ser trocado mais cedo. Se a isso acrescentarmos uma lesão de menisco, que funciona como um dissipador de carga distribuindo a pressão numa área maior do joelho, aumentamos ainda mais o risco de artrose.

Portanto, existem vários fatores que podem aumentar ou diminuir o risco de artrose. Sendo que a inatividade física é, como regra geral, pior do que o exercício. E o exercício físico na dose certa, incluindo corrida, pode melhorar a cartilagem e também a densidade óssea diminuindo o risco de artrose e osteoporose respetivamente.

Luis Lima

Medicina do Exercício e do Desporto

Medicina Física e de Reabilitação